O papel dos pais na educação formal dos filhos

A ocasião da primeira matrícula dos filhos na escola é própria para a pergunta: o que meu filho vai aprender a partir de agora? A pergunta é importante, mas talvez não esteja tão bem colocada… A questão, caros leitores-coruja, é que os filhos, não importa a idade com que cheguem à escola (de três meses a três anos, em muitos casos), já trazem consigo aquilo que aprenderam em casa com seus pais.

Crianças não são como lousas em branco, nas quais a escola escreverá o que bem entender. Essa concepção de educação, que o grande educador brasileiro Paulo Freire chamou de “bancária” (porque faria do aluno mero depósito de conteúdos), não corresponde àquilo que se observa no desenvolvimento mais tenro dos seres humanos. Como dito acima, mesmo a criança que, aos três meses, começa a fazer parte de um berçário, já está fortemente influenciada pela vivência que experimentou desde o ventre materno. A criança que inaugura a vida escolar aos três anos já sabe, inclusive, se comunicar, e já carrega consigo valores dos quais dificilmente se livrará ao longo de toda a vida.

Diante disso, caros leitores cibernéticos, cabe perceber que a educação que os filhos receberão em casa será determinante no desenvolvimento que os pimpolhos terão na escola. A esta cabe propor, evidentemente, atividades que despertem o aluno para os conhecimentos previstos para cada idade; mas deve respeitar aquilo que as crianças trazem consigo de casa, sob pena de tratar a todos como “tabulas rasas” que não teriam qualquer influência no processo de aprendizado.

Assim, mãe e pai coruja, atenção para o importante papel que a casa tem na vida dos filhos. Se, desde o berço, os filhos convivem com vozes brandas, com harmonia nas relações humanas mais comezinhas, com rotinas minimamente organizadas, têm tudo para levar para a escola vivências parecidas na interação com seus colegas. Se, por outro lado, os filhos observam em casa gritarias, grosserias, xingamentos e frieza nos relacionamentos pessoais, é muito provável tenham semelhantes atitudes quando chegarem à escola.
Mas um pouco de calma não faz mal a ninguém, leitores atentos.

Se, por um lado, pode parecer um peso grande demais dar-se conta das responsabilidades e da força do papel dos pais junto ao desenvolvimento dos filhos, porque sugeriria que as falhas cometidas poderiam comprometer significativamente a educação das crianças, por outro essa é uma ótima notícia: está nas mãos dos pais oferecer aos filhos o mínimo de condições para que eles aproveitem de forma positiva o que a educação formal lhes oferecerá. É claro que erros existem, e não são o fim do mundo. A questão é o ambiente mais geral em que as crianças vivem. Que ambiente você tem proporcionado? A vida escolar do seu filho dependerá dela de forma decisiva.

Leandro Thomaz de Almeida

Licenciado e Mestre em Letras pela Unicamp.

Atualmente faz doutorado na área de Teoria e História Literária.

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